segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Homenagem a Eusébio... by: Domingos Simões Pereira


Na casa aonde cresci, a paixão clubista tinha uma côr, o verde. Todos eram do Sporting! Todos excepto meu pai que, para não contrariar, não se assumia do Benfica mas sim, “ser Eusébio”. Meu pai dizia e todos acreditávamos que o futebol e a sua febre não o atraiam, mesmo aquando dos choques dos rivais de Lisboa, então com ainda maior repercussão em Bissau. Mas, a cada Golo de Eusébio, ele chamava pelo mais próximo ou pelo nome que lhe saísse logo, para confirmar que tinha sido mesmo o Pantera Negra a “provocar novos estragos”. E todos riamos contrariados, pois ficava evidente a identificação e afeição ao Benfica.
Mais de vinte anos depois, vivia-se no ano de 1994 e o mundial dos Estados Unidos. Estava eu embarcando em Newark, regressando dos estudos quando dou conta de que iria ser companheiro de viagem, exactamente do mesmo e do único, do Rei Eusébio da Silva Ferreira. Não resisti à tentação de me aproximar e anunciar que era Guineense e, portanto um “parente” de expressão portuguesa. Mas, após a saudação, o que me saiu foi – “meu pai teria tido o prazer da vida em o encontrar e cumprimentar”.
Quando ontem recebi a notícia da morte desta lenda do futebol mundial, lembrei-me de meu pai e percebi que nessa altura (anos setenta) ele já havia deduzido da grandeza deste Senhor... por isso, estas linhas não são simplesmente a homenagem e o reconhecimento que todos devemos a Eusébio. É também o testemunho final da compreensão do ensinamento que o acompanhava. A ambos desejo paz e que tenham acolhimento e a melhor acomodação, na gloria de Deus.

Até sempre...

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